terça-feira, 11 de setembro de 2012


Os Lotes escolhidos por Antonio voltolini e filhos:

Os lotes eram concedidos por compra, através de requerimento dos colonos, para pagamento num prazo máximo de 5 ou 6 anos. No ato de concessão, portanto, as famílias concessionárias assumiam uma dívida e recebiam um título provisório. O povoamento não foi um processo espontâneo e a ocupação das terras obedeceu a um rígido controle dos funcionários do órgão colonizador. O tamanho dos lotes raramente ultrapassou os 25 hectares, e sua demarcação realizou-se por linhas coloniais, em formato longitudinal, com dimensões que variavam entre 100 e 200 metros de largura por 600 a 1.000 metros de comprimento – uma demarcação onde o principal ponto de referência era o curso d’água (rio ou ribeirões). Os homens da família Voltolini deixaram as mulheres e as crianças no barracão de imigrantes e rumaram para tomar posse das terras, levando consigo apenas o indispensável. Os lotes escolhidos por Antonio Voltolini e seus filhos situavam-se nas redondezas onde hoje está localizado o cemitério de Morro da Onça. Antonio Voltolini e familiares escolhem os lotes sem ainda terem uma medida correta da área, cuja medição somente aconteceu em Abril\1880 pelo agrimensor Antonio Carlos Rodrigues de Lima. 
Antonio Voltolini escolhe o lote 23 e reserva o lote 24 ambos na linha Morro da Onça. O lote 23 cuja área soube-se mais tarde que era de 51.653 b², ou seja, 231.405 m², cada b² corresponde a 4,48 m². E que foram pagos com os trabalhos de mão de obra na construção da estrada de Tijucas a Biguaçú, trabalho este realizado pelo jovem João Voltolini. O lote 24 com área de 53.719 b² ou seja 240.661 m², lotes medidos em Abril\1880. Segundo o relato feito pelo agrimensor às autoridades da colônia, “o lote 23 tinha casa, plantações, porém suas terras são em geral péssimas.” O lote 24 segundo o agrimensor, tinha casa, plantações e as terras são férteis. Acreditamos que o agrimensor ao referir-se em terras péssimas ou férteis, baseava-se na topografia. Terreno menos íngrime seria fértil.  Antonio adquiriu dois lotes em virtude de possuir filhos solteiros e também precisaria reservar lotes para os filhos que ainda permaneciam na Itália e que viriam mais tarde.
Ana Voltolini, seu esposo Giuseppe Battisti e filhos ao chegarem em 1879 ocuparam o lote 24 que estava de posse de Antonio Voltolini. Este lote mais tarde, em Jan\1890 foi arrematado ao preço de 277$000 Réis por Antonio Battisti. 
Luigi Voltolini, sua esposa e filhos, ocuparam o lote 25 na linha Morro da Onça, cujo terreno media 62,94 b² ou 281.997 m² conforme medição realizada em Abril\1880 pelo então agrimensor, Antonio Carlos. Comentário feito pelo agrimensor às autoridades da Colônia “O lote tem casa, plantações, mas suas terras são de pouca fertilidade”. O lote custou 407$944 Reis, ou 407 contos e 944 Reis, os quais foram pagos com a mão de obra nos serviços de construção da estrada de Tijucas à Biguaçu, região de Florianópolis, inaugurada em 1906. Luigi assim distribuiu os pagamentos: foram pagos 15$318 Reis dia 28\12\1897, 202$645 Reis dia 08\02\1905 e o restante, 189$981 Reis dia 18\12\1906. Estes valores foram descontados de Luigi por conta de trabalhos de mão de obra na construção da estrada. O lote 25 extremava com o lote 26 de seu cunhado Michele Petris, com o lote 27 de Giorgio Bart, fundos com terras devolutas e numa lateral com o lote 23 de seu pai Antonio Voltolini. 
Maddalena Voltolini e seu esposo Michele Pétris, adquirem o lote 26, Linha Morro da Onça, com área de 53,57 b² ou 240.000 m², conforme medição feita em Abril\1880 pelo agrimensor, Antonio Carlos. Segundo relato feito pelo agrimensor às autoridades da Colônia, “o lote tinha casa, plantações, mas era um péssimo lote”.
Giudita Voltolini permanece no lote dos pais. Adquire seu lote somente em 09\10\ 1896 lote 26 Linha Morro da Onça medindo 63.000 m².
Giovanna Voltolini e José Sborz, futuro esposo , adquiriram o lote 16, linha Morro da Onça com área de 47,098 b² ou 211.000 m² ao preço de 2 Réis o m² totalizando 422$000,  valor que só liquidou dia 27\02\1905 com os serviços de mão de obra na construção da estrada ligando Tijucas a Biguaçú.
PrósperoVoltolini adquire os lotes 15 e 17 contendo 182 b²,linha Bezenello, o que corresponde hoje a rua principal de Nova Trento. Estes lotes, Próspero os repassou à Miguel Joaquim de Oliveira em meados de 1884 conforme consta de recibos de pagamento dos ditos lotes na Coletoria da Vila de Nova Trento datado de 02\06\1896.
 Patrizio Voltolini, sua esposa e a filha Maria, instalaram-se ilegalmente no lote 20 linha Bezenello, terreno medindo 28,42 b² ou  127.345 m² e que mais tarde, em 07\04\1897, o lote foi regularizado pela Colônia e dividido em oito partes assim distribuídas: Lucas Boiteux ficou com 78.320 m², Angelo Cipriani com 6.000 m², João Venturini com 16.500 m², Victor Pedaros com 11.800 m², Ana Salai com 1.150 m², Rovere com 3.113 m², Antonio Tolomeotti (genro de Patricio) com 9.147 m² e Catarina Voltolini (esposa de Patricio) com 1.315 m². Entendendo as autoridades da Colônia que os terrenos eram pequenos e em área colonial, arbitrou o preço de 4 reis o m² para os lotes mais pertos da sede, e 1,8 reis o m² para os mais distantes. O lote de Patricio era bem próximo do centro, o que corresponde hoje às proximidades do terreno de seu bisneto Josemir Voltolini (Zecão), portanto coube pagar a quantia de 4 reis o m² totalizando 5$260 reis. Um ano mais tarde, Patricio adquiriu terras na localidade de Pinheiral Grande, também no Município de Nova Trento, terreno contendo 600.000 m² ou 60 Hectares  que foram pagas em 29\08\1898 a quantia de 540$000 Reis. Pelo fato de Patrizio ter adquirido pouca terra quando da chegada a Colônia, por fazer parte da elite política da Colônia, por ter adquirido as terras no Pinheiral Grande, valor este que não era pouco para a época e também por seus filhos não terem usufruído das terras no Pinheiral Grande para fins agrícolas, pelo contrário, seguiram outras profissões, tais como; Pedreiros, carpinteiros e até ferreiros, acreditamos que Patrizio também não era agricultor. Talvez fosse ferreiro.
Carlo Antonio Voltolini e família ocuparam o lote 10, linha Baixo Salto, provavelmente influenciados pela família de sua esposa que ali fixaram residência. Conforme medição efetuada em Abril\1880 pelo agrimensor Antonio Carlos , o lote 10 media 58,928 b² ou 264.000 m² e foi pago em 10\03\1890. Mais tarde adquiriu o lote 4 com área de 264.000 m² e pago dia 30\06\1896 com a mão de obra na construção da estrada que liga o Município de Biguaçú à Tijucas. Já em 31\10\1896, Carlos, adquire os lotes 2 medindo 264.000 m² e o lote 3 medindo 221.386 m² pagos também com os serviços na estrada de Biguaçú à Tijucas. Apesar do planejamento cuidadoso e da burocracia da colonização (presentes através da diretoria da Colônia até 1881 e dos agentes de diferentes órgãos estaduais e federais que a sucederam), não houve uma ocupação organizada das terras (demarcadas ou não). Ao contrário, a documentação correspondente à fase final dos assentamentos, após a emancipação da Colônia, revela, sobretudo, uma intensa mobilidade e a presença constante de intrusos ou ilegais (posseiros) sendo a maioria deles imigrantes. Eram considerados “intrusos ou ilegais” aqueles imigrantes ou não que habitavam um lote e permaneciam por anos sem a devida medição pelos agrimensores. Assim que descobertos, a medição era realizada e o intruso ou ilegal tinha um prazo de dois meses para a devida regularização. Um caso típico de “ilegal” foi o lote de Patricio Voltolini regularizado pela Colônia em 07\04\1897. Os lotes, na maioria dos casos foram pagos anos mais tarde com os serviços de mão de obra na construção de estradas e outros serviços públicos, pois a agricultura do início da colonização era quase em sua totalidade de subsistência.  

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