quinta-feira, 6 de setembro de 2012




BORGO VALSUGANA


      
                                          Cidade vista do Castelo Telvana


Borgo Valsugana é uma bonita cidade situada na região da Valsugana, juntamente com o distrito de Olle é o centro mais importante da Valsugana, localizado no gargalo entre os montes Rochette e Ciolino e dominada pelo “imponente Castelo Telvana”. Foi uma fortaleza Romana importante, para proteger a importante Via Claudia Augusta Altinate que alcançava a cidade de Trento e em seguida ia até Augsburg na Alemanha. O topo do edifício Castel Telvana tem uma pegada de construção que remonta ao tempo dos Romanos. O Rio Brenta atravessa a cidade que surgiu e evoluiu no fundo do vale. Principal centro da Valsugana Oriental, antigamente denominada “Ausugun”.  Graças à sua localização ligando o vale Ádige e Vêneto, a Valsugana efetivamente sempre desempenhou papel importante de passagem e mercantil. Na idade média, Borgo Valsugana era o centro mais importante de toda a área ou região. Por diversos séculos, a Valsugana foi palco de muitos acontecimentos terríveis de guerra e invasões, sob o domínio alternado por um grande número de senhores, dentre eles destacam-se; Scola, de Verona (1321 - 1337); Cariari de Pádua (1360 - 1375); Visconti de  Milan (1338 - 1402) e os venezianos (1406 - 1412). Uma imigração Tedesca\alemã interessou-se pela Valsugana início do século XV, quando a jurisdição passou para um Duque Austríaco  no final do domínio Feltrino. A região neste período passou ao domínio de origem alemã que trouxeram seus homens entre eles; artesões, soldados e pessoal de serviço, especialmente nas áreas de Borgo e Telve. Em 1535, a Valsugana participou ativamente na “rustica guerra”. Em 1796 foi ocupada pelo exercito Francês de  Napoleão Bonaparte, cujo testemunho se encontra no centro da vila. De 1805-1810 a Valsugana fez parte do Reino da Baviera e de 1810-1814, ao Reino da Itália e algum tempo depois passou novamente ao Reino da Austria (Imperio Austro-Ungaro). A 06 de julho de 1862 um incêndio de grandes proporções atingiu a cidade de  Borgo Valsugana, onde cinco (5) pessoas perderam a vida e cento e cinqüenta e nove (159) casas foram destruídas. Em 1919 através do tratato de Saint Germain, a Região Trentina na qual Borgo Valsugana está inserida, retornou ao Reino da Italia.
Foi na pequena Comunidade de Borgo Valsugana, nas montanhas Alpinas da Província de Trento, que Próspero Voltolini e Giovanna D’andrea tiveram dez (10) filhos: Pietro Antonio nascido em 10\02\1814, Antonio Giovanni nascido a 18\02\1816, Ana Maria nascida em 02\11\1818, Domênica Tereza nascida a 02\09\1820, Catarina Tereza nascida a 09\02\1822, Lucia Giovanna nascida a 05\01\1824, Tereza Antonia nascida a 29\01\1826, Pietro nascido a 29\05\1828, Giovanni Battista nascido a 08\02\1830 e Próspero Giuseppe nascido a 05\01\1832.  A região Trentina pertencia na época ao Imperio Austro-Úngaro, cuja região foi anexada à Itália depois da primeira guerra mundial, pelo Tratado de Saint Germain em 1919. Filho de pais camponeses, Antonio Giovanni e, mais tarde seus filhos, provavelmente tiveram a infância, juventude e vida adulta, moldada nos princípios de sua comunidade, conforme relata Bortolo Belli, intelectual italiano emigrado em 1888, escrevendo em forma de folhetim no semanário Avanti “la istória di un colono” onde relata o cotidiano de seu personagem, Nani. Reproduzimos partes do texto para que possamos ter uma noção, de como era a vida de nossos antepassados nos meados do século XIX. “As lembranças de Nani aos quatro a cinco anos de idade, eram ligadas à vigilância de alguns perus, trabalho que seu irmão mais jovem herdará, quando ele aos sete ou oito anos passará a “guadagnarsi la polenta” pastoreando as poucas ovelhas da família. Lembra com indignação que grande parte dos frutos da criação de animais em que se ocupava, também era entregue ao dono da terra sob forma de renda ou de homenagem, relatando a situação de profunda  exploração em que viviam.  Nane recorda da alimentação quase reduzida à polenta e como ele e os irmãos pequenos viviam sujos, molambentos e descuidados, já que sua mãe ocupava-se intensamente nos campos ao lado do pai. Adolescente, o protagonista vê ao longe as tropas italianas passarem pela estrada principal, próxima a residência familiar, quando da incorporação de Veneza ao Reino da Itália.  A distância do observador não é apenas geográfica. As tropas passam e a vida do camponês pouco se modifica sob o domínio Austríaco ou Italiano, a não ser para pior.  Nane relembra a pregação religiosa voltada para a solução das questões materiais e defensora do quietismo social camponês, também abraçado pelos professores rurais.    Relembra o poder da água e do ramo de oliva, bentos contra o demônio, as tempestades e as más colheitas. As orações intermináveis em latim, incompreensíveis, o lento avançar das contas do rosário debaixo do alpendre da casa, na boa estação ou no estábulo, no inverno (...) junto a seus familiares. As promessas do Capelão, de paraíso para os que aceitarem a vida de “sofrimento e obediência cega” e o inferno para os que se rebelassem contra ela. Discurso comum aos meio urbanos e rurais no século XIX. Nane retrata ainda a triste sorte dos camponeses arrolados ao serviço militar, que podia chegar até sete anos. Descreve com pertinência a inscrição na lista de leva em obediência ao serviço militar, o sentimento de desgosto dos jovens recrutas obrigados a despirem-se em público para serem examinados sob guarda de carabineiros armados. Relata ainda a descriminação materializada nos privilégios aos recrutas burgueses em detrimento aos recrutas camponeses, que era objeto de toda a sorte de exações. O protagonista relembra o retorno a casa paterna, o casamento, a vida difícil a emigração (...)”. Passados alguns instantes nosso imaginário voltado para o século XIX,  revivendo um pouco do cotidiano de nossos ancestrais, retornamos com Antonio já adulto aos 23 anos de idade pensando em se casar, busca no seio da família Marchi, na Comune de Telve, cidade visinha a Borgo Valsugana, sua companheira, Margherita,  nascida em 30\11\1818. O ato religioso foi celebrado em 1839 na Comune di Telve (era praxe na época o casamento ser realizado na Comune da noiva). Já casados, depois de uma longa e interminável ansiedade, logo depois do natal, chega o presente tão esperado, dia 17\01\1840 nasce o primogênito, Giusepe Antonio, que por problemas de saúde veio a óbito em 30\01\1840 com apenas 13 dias de vida. Aborrecidos com a morte do filho “másculo,” Antonio e Margherita não se deixaram abalar pelo fato, e foram em frente. Aos 19\07\1841 nasce Anna Giovanna, dois anos mais tarde aos 18\07\1843 nasce Maria Maddalena, dois anos e meio depois, à 05\01\1846 nasce Jacomo Patrizio, dois anos e meio depois aos 30\07\1848 nasce Carlos Antonio, dois anos mais, nasce aos 02\10\1850 Luigi Antonio. Pouco tempo depois, Antonio e família, emigram para a Província da Lombardia e montam residência na Comune de Santa Brígida, onde nascem mais dois filhos; Próspero dia 10\12\1852 e Giudita em 16\07\1855. Por volta de 1857, a família de Antonio e Margherita retornam à Borgo Valsugana, Provincia de Trento, onde nasce Giovanni Antonio aos 10\05\1858. Permanecem em Borgo por mais algum tempo. Inicio dos anos de 1860, Antonio e família emigram novamente, agora para a Província do Vêneto, mais precisamente para a Comune de Schiavom, onde em 13\01\1862 nasce Giovanna, a caçula. Poucos anos depois, a família retorna a Borgo Valsugana, Província de Trento, de onde em 26\12\1875 emigram para o Brasil.  As Províncias da Lombardia e do Vêneto pertenciam ao Reino da Itália e a Província de Trento pertencia ao Império Austro-Úngaro.  Antonio e família, num período de pouco mais de 23 anos fizeram três emigrações, passando pelas três Províncias que mais cederam emigrantes italianos e Austríacos, principalmente ao Sul do Brasil. Estas emigrações internas em seu país demonstram, com uma grande percentagem de acerto, que a família de Antonio, não era proprietária de terras, talvez meeiro ou arrendatário. Roselys Izabel Correa dos Santos cita em ( A Terra Prometida p.90-91) ”Grosselli, baseando-se em Leonardi, expõe os tipos de relações de contratos comuns nas propriedades rurais da Região do Trentino, e que não diferem muito das outras regiões italianas do norte: “Arrendamento, contrato misto e pacto coparticipativo eram os mais comuns. Arrendamento e meação eram os mais difundidos e, dadas as condições contratuais em que eram atuados, uma vez mais se transformavam num freio à agricultura da região e vinham em detrimento da produtividade e da qualidade do produto. O contrato de arrendamento durava menos de dez anos... Mais difundido era a meação. O proprietário concedia o solo, as benfeitorias, algumas vezes os animais, e se obrigava a pagar os impostos. O meeiro entrava com o seu trabalho e o da família, os implementos e metade das sementes. A colheita era depois subdividida segundo proporções que variavam pouco em cada tipo de contrato. “Costumeiramente metade da colheita de cereais e frutas, dois terços da colheita de uva e todas as folhas de amoreira eram do proprietário.”






Um comentário:

  1. Ola, boa noite. Minha vó era Anunciata era neta de Giovanna Voltolini, alguém teria a certidão m de nascimento dela? Na certidão de casamento dela com Giuseppe Sborz diz que ela nasceu em Borgo. Se alguém puder me ajudar favor entrar em contato no email wanessaessig@hotmail.com obrigada!

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