segunda-feira, 10 de setembro de 2012


Do porto de Itajaí a atual Nova Trento:

Nova Trento antes de sua criação pertencia a Colônia Brusque,  cuja fundação se deu em 1859 conforme GROSSELLI (1987 p.288) “(...) seu surgimento ocorrido juridicamente  com o aviso imperial de 18\11\1859 e efetivamente com a entrada dos primeiros imigrantes alemães em 1860 (...).” Quando os primeiros alemães chegaram na colônia Brusque, a zona era completamente coberta pela floresta. Tudo estava por fazer... estradas, pontes,casas, igrejas...Os  italianos começaram a chegar 15 anos mais tarde (1875). A ligação entre o porto de Itajaí e a Colônia que era feito por via pluvial, através de canoas ou balsas, passou a partir de 1875 a ser feita através de carro de boi, carroças ou mesmo a cavalo. Segundo GROSSELLI (1987 p.293) “Em 1869-70 foi iniciada a construção da estrada que teria ligado Brusque ao porto de Itajaí. Foi terminada em 1875, atraso a ser imputado à parcimônia do governo (...)” Antes de chamar-se Nova Trento, a localidade era conhecida como Alferes. Alferes é o nome do ribeirão que corta a cidade. Walter Fernando Piazza (1950 “Nova Trento” p. 21) “Em 1875 era, finalmente creado o districto colonial de Nova Trento. E em Junho desse mesmo ano, no recém-creado  districto colonial foram colocadas as primeiras vinte famílias originárias da Valsugana, no alto vale do Brenta, no trentino, e de Monza, província de Milão, que foram encaminhadas pelo porto de Itajahy e daí a Brusque e se estabeleceram a 16 quilômetros da atual cidade de Nova Trento.(localidade hoje conhecida por Claraiba). Da linha Pomerânia (dentro do atual município de Brusque) até a linha Tirol foi aberta uma picada e nos lotes marginais foram se estabelecendo: José Martinelli, Josue Fontanelli, Paulo Dalsasso, Oswaldo Montibeller, Domingos Casagrande, Batista Scalvin, Jose Michel, Batista Eccel, Felice Postai, Edoardo Dalmano, João Montibeller, Andre Valcanaia, Eduardo Montibeller, José Felizetti, Domingos Bernardi, Antonio Bottele e suas respectivas famílias”. Em primeiro de Janeiro\1876, os colonos já estabelecidos em seus lotes, auxiliavam a abertura das estradas em demanda das terras marginais ao Rio do Braço e seus afluentes. Antonio Voltolini, familiares e amigos ao chegarem a Itajaí depois de merecido descanso, tinham pela frente 35 quilômetros até Brusque, em estradas carroçáveis ou verdadeiro picadão, que dependendo do tempo tornava-se intransitável. As mulheres, crianças, velhos, pessoas doentes e as bagagens, iam aos carros de boi ou carroças e os homens a pé ou a cavalo. Depois da chegada a Brusque tinham pela frente mais 16 KM por picadas até Nova Trento..  De Brusque a Nova Trento passando pela localidade hoje chamada de Claraiba, a primeira linha que compunha o Distrito era o hoje, Morro da Onça, justamente o local onde Antonio Voltolini e familiares, adquirem seus lotes. A família procurou adquirir os lotes uns próximos dos outros, assim os primeiros trabalhos, derrubada da mata, construção das casas ou choupanas, preparo da terra para o plantio ficariam mais fáceis, provavelmente trabalharam em equipe, uns ajudando outros. Cadorin (1992 p.21) “(...) Logo que chegava, o imigrante ficava instalado em galpões construídos para este fim, eram também chamados de barracões. Ali recebia certa assistência até ser transferido em definitivo para o seu lote. A permanência nos barracões às vezes prolongava-se por semanas e meses, isso acentuava a insegurança e o descontentamento. Dormiam todos sob o mesmo teto, às vezes sem divisórias (...).” Pelas informações que receberam ainda em Borgo Valsugana, a propaganda, as promessas recebidas, estavam certos que se fixariam em terras prontas para o cultivo, conforme lhes haviam assegurado. Que desilusão! A sede (Brusque) não era mais do que um pequeno povoado rodeado por extensa mata fechada, em muitos quilômetros. As terras a serem escolhidas localizavam-se, portanto, no interior da mata. Mesmo assim, não se deixaram abater. Não haveria mais volta! Era preciso continuar a busca do sonho acalentado. De acordo com GROSSELLI (1987 p.358) “Os únicos sinais da presença de homens brancos que os trentinos encontraram naquelas florestas foram no Distrito colonial de Nova Trento: algumas laranjeiras vencidas pelas plantas parasitas e os restos de uma serraria que alguns norte-americanos tinham abandonado 40 anos antes. Mas tudo tinha voltado ao estado selvagem (...).” Esta serraria abandonada havia sido montada por um inglês de nome Christovão Bonsfild em 1835 e estava localizada onde hoje é o centro de Nova Trento.
O desengano e as incertezas do momento que apavoraram Antonio Voltolini, familiares, parentes e muitos conhecidos, foram substituídos corajosamente pela esperança de que sairiam vitoriosos. Católicos fervorosos... A fé os guiava... Quando a tragédia dos barracões terminava, iniciava a tragédia da floresta.

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